O escritor

Bruto material à flor da pele

machadadas rente ao tronco

sem porém matar os galhos

deixando cair folhas dispersas

de propósito

trai-se em seu ofício

o escritor.

 

Abrupta descoberta do vício

do costume ou do prazer

escreve como quem desperta

de uma longa noite insone

e vê o sol

apaixona-se pelo seu ofício

o escritor.

 

Labuta inglória na gaveta

os delírios calculados

os devaneios racionais

as emoções desvairadas

permanecem

esvai-se no seu ofício

o escritor.

 

Desnudo invade o Outro

a catar roupas velhas

máscaras em desuso

hábitos inconfessáveis

e os publica

abandona-se ao seu ofício

o escritor.

Deixe um comentário

Blog no WordPress.com.

Acima ↑