Ensino-te
a pisar caminhos e tropeçar sem medo
escapamos de dias de desespero
de sábados sem sol e de domingos mornos.
Ensino-te
o doce lambuzar das palavras mais sútis
em troca de olhares e nervosos sinais
sobre ondas do nascer do sol primaveril.
Ensino-te
a não morrermos de tédio em frente a TV
a despedaçarmos os amores vãos e frios
a superarmos distâncias num piscar da lua.
Ensino-te
meu bem, que a vida é mesmo assim
superar dores e lambermos afagos
a cada perigo na esquina, olhares atentos.
Ensino-te
que não sou de ninguém nem nunca fui
que o tempo é um velho amigo
a deslizar pela estrada que tracei.
Ensino-te
o tanto que tenho fome do mundo
o tanto que o mundo me destrói
o tanto de invernos que já sofri.
Ensino-te
o tamanho das coisas sem importância
a palavra amarga dos filósofos
e a câmera nervosa que nos desperta.
Ensino-te
eis quem sou.
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