Ineditismos, sobre signos e amizade

 

Eu havia prometido atualizar a lista dos ineditismos de 2012. Aí, passei dias pensando e reparei que tenho a tendência a só querer atualizá-la com as coisas boas (ok, a queimadura de água-viva e a picada de abelha não foram assim das dez mais). 2012 foi (está sendo, diz o calendário) um ano especialíssimo, delicioso (só eu sei o peso desse adjetivo pra mim) e eu não desejaria contaminá-lo com coisas ruins. Porém (ah! porém!), é óbvio que algumas coisas ruins (esperadas ou inesperadas) também deram as caras.

 

Posso começar dizendo que fiz mais tatuagens. Sim, a coisa vicia e passei meses apaixonada pela primeira tatuagem, até que fui lá e fiz… mais três! Ah, usei esmaltes Channel. Inclusive limpei banheiro usando esmalte Channel. Ele descascou todo, é claro, porque não é feito para quem limpa banheiro. Então não é pra mim, porque um dia posso estar lá de roupa de festa, no outro posso estar esfregando o chão. Nem esmaltes nem as pessoas conseguem acompanhar minha inconstância. Ah! Tomei banho de chuva completamente nua! Pelo que me lembre nunca havia feito isso… já tomei banho de chuva em inúmeras circunstâncias, e inclusive com quase nada de roupa, mas sem nada foi a primeira vez! Deixando de lado os ineditismos, fiz várias vezes algumas daquelas coisas que já prometi pra mim mesma nunca mais fazer… pois é, dar murro em ponta de faca é especialidade.

 

Infelizmente, devo dizer que perdi amigos este ano… e, sim, lamento muito isso. Para escrever sobre isso, vou falar de signos. Aí vem aquele que torce o nariz (sempre tem). Minha resposta definitiva: tem quem fala de futebol, tem quem é viciado em chiclete, tem aquele que comenta a novela das nove e tem quem fala da sua cólica. Eu aprecio as miudezas do zodíaco. Voltando… o perdi, ainda mais infelizmente, não se deveu à única coisa que não tem volta. Nenhum morreu, só sumiram da minha vida, com ou sem motivo.

 

Tenho uma paixão muito grande pelos virginianos. Adoro vê-los, perfeccionistas, perdidos com meu jeito meio louco de ser. E eles me amam (será que foi aí o problema?). Sério, meus amigos mais próximos são virginianos. Me dou muito bem com eles e sempre foi assim. Aí, este ano, por motivos diferentes, dois amigos virginianos me abandonaram. Um eu posso até dizer que sofri… o outro eu fiquei meio p da vida mesmo. Os motivos dos dois é que me desanimaram em relação a toda a humanidade. Então não posso ter amigo que tenha namorada?! Então não podemos conviver com nossas diferenças?!?! Sejam sexuais, religiosas, políticas?! O que posso dizer é que não esperava isso deles. Desses dois não.

Não gosto de dizer que fiquei triste. Mas realmente senti falta, uma baita falta, de um desses. E mesmo que ele me leia aqui não será nenhuma revelação porque eu disse isso com todas as letras… e fui ignorada.

Ah, ah! Anotem aí! Ineditismos de 2012, fui ignorada por amigo e rejeitada como mulher! Nunca tinha passado por isso! Aliás, experiências ótimas! Estou ainda aprendendo a lidar com elas porque realmente não gostei de me ver em tal situação. Mas coisas novas sempre me atraem. Mesmo as ruins.

 

Aí os leoninos me cansaram com o drama infinito de se fazerem de vítimas e me tratarem como criança. Os arianos se mostraram traiçoeiros (nenhuma novidade). E sempre pensei que tentei minha vida inteira entender os cancerianos… e nunca consegui. Aí hoje fiquei me perguntando se realmente tentei. Vale tentar de novo?! Diz lá o zodíaco que piscianos e cancerianos são perfeitos juntos, minha mãe sempre disse que eu era igualzinha a um canceriano. Será?! Será esse o problema? Ah, 2012 só confirmou também que adoro os geminianos! E começo a descobrir alguns novos signos do zodíaco, sagitarianos, escorpianos… ampliar horizontes é sempre bom!

Nunca pensei que me daria bem com sagitarianos. A vida é uma surpresa…

 

Perdi amizades que valiam muito pra mim. Mas ganhei algumas que não esquecerei jamais, mesmo que não sejam daquelas de conversar e se ver todo dia. Ah, e descobri uma baita amizade numa pisciana! Isso sim é novidade e tanto! Sempre tinha alguma coisa que não batia com as piscianas. Ah, e os piscianos?! Desde de que sejam curitibanos… mas, deixa pra lá! A seara é das mais indizíveis e até eu me calo em certas coisas!

 

Já contei que fui até a Parnaíba? Ao Delta? Que fui ao teatro municipal de São Paulo? Que fui ao MON, em Curitiba? Ah, sim, sim, que andei por Curitiba durante uma semana, completamente sozinha? Pois é, tantos anos na cara e eu não havia feito isso. Aliás, Curitiba é daquelas cidades deliciosas para andar à pé (ou de ônibus as distâncias mais longas), não recomendo carro de jeito nenhum! Alguns ineditismos realmente não posso contar aqui, mas garanto que já tem até sementes para 2013.

 

Nunca disse algo como “ex-amigo” ou “melhor amigo”, porque, de fato, amigo é amigo. Eu sou muito leal aos meus. Eu sou aquela amiga que faz tudo, se doa pra caramba. Aliás, a lista de coisas que fiz para esses dois virginianos que me abandonaram é enorme. Passei horas da minha vida ajudando, fazendo companhia, conversando, me desloquei daqui pra lá pra dar aquela mão na hora que me ligaram “pode me ajudar?”. Eu tenho isso… eu faço. E não cobro, não jogo na cara. Eu faço porque acho que amizade é isso. Não tenho muito isso de falar das minhas qualidades, mas um ineditismo desse ano foi receber alguns elogios. E é verdade, sou leal, sou companheira, sou daquelas para todas as horas. Por isso quando alguém me liga para ir a um velório, eu largo tudo e vou na hora. Nem que seja alcoolizada (viu só? ineditismos…), mas vou.

 

Aliás, para terminar, vou colocar em ordem a lista dos maiores elogios que já recebi na vida (a maioria deles foi esse ano). Em primeiro lugar, auto-suficiente (obrigada, meu irmão, por ter me dado isso aí, eu sei que querias me xingar, mas o efeito foi ao contrário e trago pra sempre!). Sim, gosto de ser auto-suficiente. Desde lá antes da adolescência peguei essa nóia de não depender de ninguém, de não esperar que me ajudem ou que façam as coisas. Ontem ainda a moral do dia foi: quem quer, faz. Em primeiro lugar, de honra, inteligente (minha mãe sempre disse: ela é muito inteligente. Eu sei que é elogio de mãe, mas vale.). Dois vieram de alguém que é melhor não citar, “otimista” e “anti-convencional”. Terceiro e segundo lugares. Sim, depois de tanta coisa na vida e de tanto ser chamada de pessimista (tentando me defender com o “sou realista”) alguém finalmente percebeu a grande mudança que se fez em mim este ano, sou uma otimista incorrigível! E nem vou perder meu tempo em dizer o quanto eu adorei o “anti-convencional”. Minha vontade, ao ouvir, foi de dizer: não tens idéia o quanto! Sim, poucas pessoas sabem o quanto eu sou realmente anti-convencional. Em muita coisa. E em quarto lugar, mais uma amiga (geminiana) que percebeu as grandes mudanças por aqui: prática. Aí a amiga leonina, ao lado, disse que não concordava. Claro que ela não concorda, é só mais uma leonina que se vitimiza e olha para mim como se eu tivesse dez anos. Sim, sou prática com muita coisa. Posso ainda ser a sonhadora romântica (já diz lá o nome…) incorrigível, mas a vida me ensinou a ser prática com tudo aquilo que preciso.

 

O que dizer de um ano que me trouxe tanta, mas tanta, coisa boa? Sobre as amizades, é claro que eu sinto falta, mas tenho certeza que eles estão perdendo muito mais do que eu. Não é todo dia que se encontra uma amiga assim. (ah, anotem aí, assumi uma certa arrogância esse ano também… foi necessário.) E tenho certeza que eles sabem que perderam uma amiga sem igual por motivos tão banais.

 

 

A vida é boa

 

Eu decidi que 2012 seria um bom, bom não, um ótimo ano. Decidi, meio que por acaso, que eu faria, neste ano, coisas que nunca havia feito na vida.

 

E eis que a minha decisão meio inconsciente, meio sem perceber, não ficou só no acordo tácito comigo mesma e com o destino, ela foi colocada em prática.

 

Talvez porque, como manda meu signo, eu tenha me reaproximado daquilo que eu sei que guia minha vida. E, sem querer, comecei a ver as coisas mudarem. Sem querer, me deixei guiar pelas coisas que aconteciam. Acima de tudo não tentei entender. E talvez seja essa a grande verdade da minha vida: não entender, apenas viver.

 

Porque as coisas se dão de uma forma que eu me agarro na minha fé (esta, felizmente, nunca me faltou) e não me pergunto nada. Querer explicar demais, querer respostas, não faz, em absoluto, parte do meu caminho. E as coisas sempre foram assim comigo. Talvez eu tenha passado por um período tão difícil (e põe difícil nisso) e tenha me curvado às dores, ao pessimismo, às exigências que as pessoas e que a vida comum, vulgar, trazem.

 

Eis que “me libertei daquela vida vulgar” e decidi assumir que a minha vida não tem explicação. Estou fazendo coisas, assumi certos riscos, que ninguém – e eu digo ninguém mesmo – consegue entender (nem mesmo acreditar, em alguns casos).

 

Nessa lista de “coisas que eu nunca fiz” eu coloquei algumas das quais eu já havia dito por diversas vezes “nunca farei”. Por quê? Porque eu gosto disso. Porque é disso que eu preciso. Porque cresci ouvindo minha mãe dizer “nunca diga nunca”. E eu sei que vai me faltar tempo, que algumas pessoas vão me ver menos do que gostariam e vão lamentar isso, sei (porque já sinto) que vou chegar ao cansaço com frequência. Porém, já passei por essas coisas, talvez seja a hora de repetir a dose. Sei que não tenho mais quinze nem dezoito ou vinte anos. Apesar disso, me sinto de novo com dezesseis! E tudo aquilo que não fazia sentido aos dezesseis, agora também não faz, e eu sei que é o certo.

 

Garanto pra vocês que a mente pequena, vulgar e mesquinha das pessoas não consegue entender (porque, enfim, mentes assim precisam entender tudo) alguém que tem duas profissões, mora em dois (ou mais!) lugares, vive uma vida dupla, quem sabe tripla, quadrúpla. Bem, talvez seja mal de família. Ou talvez seja uma necessidade real de não se deixar acomodar, de fugir da repetição, de não me enquadrar, de não querer e não conseguir viver sob rótulos. Pra mim, isso é simples. É até óbvio.

 

Estamos ainda em março mas eu poderia enumerar uma boa lista de coisas que já fiz e que nunca havia feito. Eu poderia. Mas não sei se ela faria sentido. Ando me furtando de, inclusive, publicar nas tais redes sociais esses “feitos”. Por quê? Logo eu que sou, sim, adepta delas. Porque talvez esteja espiritualmente em outro lugar. Ou porque não deu tempo. Ou porque debaixo de temporal fortíssimo com vento, raios a alguns metros e trovões o celular nem a câmera (que ainda não é à prova d´água – ou talvez até seja porque olha que ela já passou cada coisa!) peguem. Porque eles tiveram que voltar pro carro numa tentativa de que continuassem a funcionar enquanto eu ia lá pensar na vida num banho quente na lagoa do Peri. Ou porque sob um sol que prometia não aparecer, naquele lugar onde eu nunca havia estado, eu estava me queimando debaixo do guarda-sol, sem peixe nenhum no anzol e me divertia com o cara de tanga vermelha ao lado. Ou porque uma professora não pode ficar com o celular na mão o tempo todo publicando enquanto dá aula (como, aliás, fazem os aluninhos queridos – mas a professora é gente boa, não tem frescura e não se importa realmente com isso). Ou porque as idas e vindas para lugares inacreditáveis e fantásticos sejam tão inebriantes que o celular fica ali esquecido na bolsa, sem sinal. Porque a maioria dos melhores lugares do mundo não recebem sinal de celular, nem 3G nem nada. E essa é uma boa pedida! Talvez porque num belo dia de praia num excelente companhia, praia vazia, as aves almoçando um peixe espada de um cardume que passou a alguns minutos eu não havia levado a câmera. Tenho andado assim, mais leve. Mais despreocupada. Mais incoerente do que nunca. Mais satisfeita.

 

Sim, eu poderia enumerar muitas coisas. Falar e escrever sobre elas não faz sentido, por isso não o faço.

 

Acho que tudo isso estava anunciado nas cobras do final do ano passado. Há um surreal que cobre o que eu faço na companhia de um amigo que entra direto nessa lista aí do que eu nunca havia feito. E o surreal tem me perseguido esse ano. Confesso que estou me divertindo. Muito.

 

Às vezes me sinto quase como uma espectadora, aqui sorrindo com a vida como entretenimento que passa diante de mim. A vida é boa. Só não sabe disso quem não quer.

 

 

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