sinto-me trespassada por milhões de flechas
na matéria, na forma e no invisível
soluços
olhos ardem
lembranças que não sossegam
mas para cada lado para onde olho para fugir dos pensamentos
há mais imagens e objetos, mais cruéis que as lembranças
vazio
vazio?
incompreensão
dor
desespero
se houvesse vazio, seria nada
a música me tolera
e eu só ouço música agora para ouvir minhas cicatrizes
e bebo chá com muito mel
porque não há álcool – que me faria sair deste mundo por um momento
e porque preciso lembrar na pele que ainda há algo doce na vida
e as flechas vão atravessando
cortando
matando
dilacerando
“será que você não vê?” como já diria Cazuza
o depois nunca vai ser presente
muito menos futuro.
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