Sabe, eu nunca fui pra balada. É, nunca saí pra “night” (o povo do interior gosta de falar assim, né?). Vejam vocês, janeiro, alta temporada (só não posso listar “calor”), sexta-feira à noite e? Estou aqui escrevendo. Emocionante, né? Pois é, acho que é. Ou não, sei lá.
Eu gosto do silêncio. Eu gosto de ficar sozinha. Agora a pouco me senti meio sem rumo – certo, isso frequentemente acontece. Estou no meio de mil coisas que eu gosto e que quero fazer e? Me sinto sem rumo, sem vontade pra nada do que está acontecendo. E por quê? Bem, quem souber a resposta me avisa. Não faz sentido. Mas eu gosto do que não faz sentido.
Já me irritei algumas vezes hoje. Com trabalho (quando me deparei com algo que eu sei como é, não é bom mas terei que encarar de qualquer jeito), com esse, com aquele, com tudo. Até com as pobrezinhas das peludas. Mas é assim, estou um porre hoje. E daí só eu me aguento.
Aí li, dormi no sofá, abandonei tudo. Passei uma parte da tarde enrodilhada na coberta no sofá, entre dormitar e ouvir música. E quando me dei conta (ou seja, quando vi que ainda pertencia a esse mundo), pensei: era tudo o que eu precisava! E era mesmo. Aí, depois disso veio a história da falta de rumo.
Aí liguei a TV, assisti a novela, resisti a matar a fome (pelo menos hoje não veio o desejo insano por azeitonas que tem me assaltado nos últimos dias – o qual eu tenho saciado toda vez que aparece. Não venham com bobagens, claro que não estou grávida.), deixei a TV no mudo com a tecla SAP (acho isso divertido) e voltei a ler o italiano chato. Quer dizer, chato não. Não, não, é chato mesmo. Só porque sou mais chata que ele, terminarei de ler o livro e não o abandonarei antes disso.
Viram? Sou chata, sou velha.
Aí, ali lendo, dando uma espiada no SAP, puf! Bato sem querer no controle e desconfiguro a TV. É, sem TV, ponto pra mim. Aí me irritei, pô, eu queria mesmo assistir TV. Ah, o italiano é chato. E, sei lá, internet uma fada sem madrinha, as peludas brincando pra cá e pra lá e nem me convidaram. E eu ia o quê? Ficar com o italiano? Este maldito é como aquele tio sem razão que quase nunca te vê, tu aguenta uma meia dúzia de pergunta antes de escapulir atrás de um brigadeiro como se fosse pela tua vida (pra quem me conhece sabe que eu não gosto de brigadeiro).
Aí ligo pra mãe, pro pai e pro espírito santo pra saber como arrumar a TV. Dramalhão que ninguém atende telefone. Quando um atende já solto os cachorros por não atenderem o telefone. Pô, não façam isso num dia como hoje! E desligo sem saber como configurar a pobre amiga. Banho? Janta? Banho frio não dá (não tô conseguindo mudar o chuveiro pro “inverno”, aí já é sacanagem), sopa de feijão com um monte de alho (calor, frio, calor, em janeiro? a velha se previne). Pô, tá difícil. E o italiano ali jogado no sofá com aquela cara estapafúrdia dele.
Pode esperar querido.
E estou irritada mesmo com as pessoas que almoçam ao meio-dia. Mas como?! Que doença é essa? O relógio bate meio-dia, parece que o buraco no estômago dessa gente desperta e grita. Não entendo esse povo. Eu nunca almoço ao meio-dia. Pior ainda quem consegue almoçar às 11h30. Só podem ser doentes. Nem quando eu estudava de manhã (foram muitos e muitos anos, acreditem. quer dizer, ir eu não ia muito não) eu conseguia almoçar meio-dia em ponto. Acho que são ETs, se estão no telefone, trabalhando, dirigindo, largam tudo e entram no primeiro restaurante que vêem, sentam à mesa e precisam comer. Isso não pode ser normal, não pode ser ser humano. Tô achando mesmo que são ETs. E desconsidero quem comparar isso com a minha falta de rumo. Quem tentar insinuar isso eu bloqueio em todas as redes sociais e mando o e-mail pra spam, hein!
Sexta-feira, eu aqui escrevendo. Meus leitores por aí na balada, viajando, namorando, fazendo aquelas coisas que, olha, é melhor eu nem dizer por aqui senão terei que auto-censurar o blog – só para maiores de 25 anos.
Já contei pra vocês que nunca fui pra balada? Pois é. Dizem que pra tudo sempre tem a primeira vez. A gente sabe que é mentira, né. Tem um monte de gente aí que morre sem a primeira vez de muita coisa. Tem coisa que a gente ate dispensa a primeira vez. Pois é. Agora tô meio “pois é”, repararam? Pois é.
Um dia, uma amiga quase, quase me levou pra balada. (mas, pô, não me vem com esse negócio de sertanejo analfabeto ou bate-estaca) No fim, não fui. Tem um monte de coisa que eu nunca fiz. Pois é. E a vida está boa, tudo do jeito que eu queria. E eu fico sem rumo pra pensar que pode estar bom, mas pode ser ainda mais diferente, pode ser inédito, pode ser mais. E eu lá sou mulher de me acostumar com o bom? E minha falta de rumo me fez até me perguntar: quem vai me levar pra balada? Porque é assim, tô precisando fazer algumas daquelas coisas que nunca fiz. Tá afim?
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