Há portas abertas
Duas à esquerda
e uma à direita
Me basta um passo
o caminho está à distância de um braço
A vida e o seu gastar sola de sapato
tão aos poucos, tão sem perceber
vai a sola deixando de si
pedaços mínimos.
Sinto que já deixei sapatos aos prantos
pelas bordas dos caminhos.
Solas furadas machucam.
Troquei sapatos cá e lá
e hoje já não mais.
Ando descalça, por fim
Assim, não há mais o que deixar
não há mais o que ter
não há mais o que perder
ou sarar.
Não há.
Pés fortes e cicatrizados
estão agora diante das três portas.
Escolha feita seguirei
sem pensar nem levar as perdas.
Sou de promessas
dessas de prometer a si mesma
e prometi levar comigo
só o que cabe em mim
e o que comigo caminha.
Temo meus pensamentos
admito não ter razão
entrego-me de corpo e alma
ao que me consome.
Diante das portas, hesito
hesitações me correm pelas veias
sempre
e à porta desejo
seguirei sem pejo.
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