Pouca coisa posso falar dos sentimentos. Do que vivi, muito sei; do que vi, mais ainda. O fogo se alastra, o gelo derrete. As estações não são mais as mesmas. Eu sei o que é isso. A cada ano nascem menos pessoas como nós. E os que são como nós a cada ano desaparecem em grande quantidade. Estamos perdendo o mundo para eles. Alguns ainda podem se salvar, e eu tenho apenas duas mãos. Pouca coisa posso falar dos sentimentos. Olho ali para o lado, olho para dentro. Não há mais tantos trens por aqui como antigamente. A miséria sobe o morro e a destruição segue além dele para onde a vista não alcança. Ano que vem, onde estarei? Nenhum crime é perfeito. Nenhum crime é perfeito. Eu preciso ir até eles. Adentrar naquilo que não me diz respeito e enterrá-los no peito para que venham até mim.
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