A poeira paira no ar
do quarto de cortinas abertas
o movimento espraia o que há muito
se guarda e não se usa
Sopro a poeira
e ela baila abandonando-se
ao abismo desprotegido
da clara manhã
Tão pequenas e leves partículas
tal nosso coração
nossa coragem e determinação
Sentem-se sem chão
sem seu bibelô antigo a
dar-lhes aconchego e proteção
A luz as faz dançarinas
inquietas e sem coreografia
quanto mais o ar as atinge
chocam-se, corrigem prumos
desnorteiam e flutuam
Encontrarão em breve seu novo pouso
tal nossa ambição
nosso anseio e pulsação
na superfície lisa de uma mesa
na maciez de uma colcha
nas reentrâncias de um candelabro
num velho porta retrato
ou no espelho quebrado.
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