Encontro não marcado

Teu desabamento se fez

naquela manhã

diante do meu sorriso

Era depois das dez

eu nada queria do mundo

Costuraste cada momento

a chamar-me atenção

a agulha alinhavava

as palavras

em cada sábado pela manhã

Em adivinhações

ao fulgor dos dias

eu me desfazia

em tua leitura

Era dia

eu distraída

sorri em alforria

o sorriso que não se dá

ao vento traiçoeiro

Ao acolhê-lo

levaste contigo

meu desabrigo

Tens toda vida

meu bem

a decifrá-lo em arritmias

a aflorá-lo em fotografias

a provocá-lo em nostalgias

E a vontade ficou

num almoço a dois

a rezar silenciosa

meses a fio

e eu sabia

– era teu, o sorriso meu

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