Reflexões na madrugada com Sex and the City 2

Depois de duas semanas cheias, atribuladas e cansativas, consegui finalmente, ontem, assistir um filme. Mas por esses mesmos motivos, tinha que ser aquele que não exigisse demais, até porque decidi assistir já no começo da madrugada.

E a escolha foi Sex and the City 2. Tinha colocado para baixar a pouco tempo, mas nem lembrava que já estava completo. Bem, era a melhor escolha diante da situação toda.

Mas por que eu faço isso comigo? Não adianta, Sex and the City sempre me faz pensar. Acompanhei o seriado, não era fã nem fazia de tudo para não perder um capítulo. Mas… Em relação ao primeiro filme eu já havia ficado pensativa, mesmo o tema central ser casamento e as personagens terem seus quarenta e tantos anos. O que eu lembro do filme é a decepção de ver a Samantha morando com um cara, isso não é pra ela! E a atitude do Mr. Big, de deixar a Carrie no altar, porque ela fez tudo errado. A ruiva, que não lembro o nome, é um do tipo casal mais insuportável que há por aí, a regra. A morena é a exceção, princesinha, tudo lindo e maravilhoso.

O casamento da Carrie, no primeiro, só fez eu confirmar o que penso de casamento: aquele show todo é desnecessário, não é para o casal, é para os outros. Parece mais um circo. A atitude dele era totalmente compreensível, a dela também (sabe Deus porque as mulheres só pensam em casar, chega um momento que elas só pensam nisso, é um saco!). Porém (ah, porém!), ele deveria ter tido outra atitude. Desde o seriado nunca fui fã do Mr. Big. Não sei explicar. Contudo, nos filmes, comecei a simpatizar. Principalmente no segundo.

Fiz um quiz desses do Facebook e saiu que eu era a Samantha, entre as personalidades dos personagens. Também acho! Mas de vez em quando me sinto com um pé na Carrie, apesar de também não gostar muito dela. E a Samantha não casou, finalmente.

A seqüência do hotel, no casamento gay, foi metaforicamente perfeita. E como ontem fiquei viajando historicamente em metáforas, só me restou, alta madrugada, pensar nisso.

Estão num quarto a Samantha e um rapaz que ela pega na festa, a família perfeita da morena no outro e Mr. Big e Carrie no meio. Entre o sexo selvagem de Samantha e o choro convulsivo e irritante das filhas da família perfeita, lá estava um casal maduro assistindo TV (os filmes em preto e branco…) tranquilamente. Metáfora, né? Quais as escolhas que temos? Relacionamentos intempestivos, fortes, com sexo selvagem; relacionamentos de regra, família perfeita, filhos, como manda o figurino já a tanto tempo e suas conseqüências indigestas; um amor tranqüilo, calmo, com os dois em sintonia… assistindo TV. Você escolheria qual? Você já escolheu?

Vão me dizer que todos têm seus lados positivos e negativos. Não consigo ver nenhum positivo no da família perfeita. Se fosse possível, juntar um pouco do da Samantha com o da Carrie. Será possível? Ou você escolhe um deles e abre mão de certas coisas mesmo?

Estava eu aqui, sozinha, solteira, em plena madrugada. Era 2h30 quando me deu fome durante o filme. Fui até a cozinha, esquentei uma pizza, fui comer assistindo o filme, voltei para a cozinha, fiz pipoca, voltei pra cama e continuei a assistir. Sempre pensando nessa maravilha de estar sozinha, ser solteira, poder fazer pipoca às 3 da madrugada, sem ter que pensar em ninguém, sem reclamações, sem obrigações. Isso não parecia encaixar-se em nenhuma das opções de casamento. Foi o que mais me deixou intrigada. Mesmo quando a Carrie se irrita com pequenas coisas do Mr. Big – TV, sapato no sofá, comer em casa, não querer sair, etc. – e vai para o seu antigo apartamento ficar sozinha para escrever. Em relação aos homens algumas dessas coisas já me irritaram. Mas são irritações em determinados momentos, acredito que pelo excesso – excesso de TV, nunca querer sair, só comer fora ou só comer em casa, pois, para mim, variar é ordem do dia. Ah, sapato no sofá, toalha em cima da cama, coisas jogadas pelo chão, e esses lugares comuns que as mulheres reclamam dos homens realmente não me incomodam (aliás, acontece o contrário! Eu faço essas coisas!! E reclamam!!).

O tipo do casamento da Carrie merece meu apreço, e foi tão fácil perceber que o problema ali era o tempo: dois anos. Esse período é realmente ruim num relacionamento, seja ele qual for. Um ano de relacionamento me deixa com paranóia do tipo: a coisa é séria! Aí vem o peso, as responsabilidades, as obrigações, e isso eu não gosto. Mas quando chega aos dois anos vem o peso do costume, do comodismo, do já conhecer-se, da sinceridade, da cumplicidade, e já há um espaço para cada um – o que pode causar estremecimentos, porque cada um começa a rever-se como era antes do relacionamento e isso traz vontades e lembranças, como a Carrie querer ficar sozinha para escrever. Ou a coisa fica bem feia por aí, e já não vai sustentar-se no futuro próximo, ou isso serve para aumentar o conhecimento e a cumplicidade e daí pode ir bem longe ainda.

A própria Carrie, enquanto está sozinha no apartamento, escreve um texto sobre os dois anos. Se não assistiram, assistam. E reparem que quem traz o romance, as pequenas alegrias, quem pensa no relacionamento é o Mr. Big. Ela só implica, reclama, acha que ele faz tudo errado, o que leva-o a dizer que sente que está decepcionando-a. Isso faz a fama das mulheres! São sempre elas que reclamam, que implicam com tudo, e o cara lá (tá, não são todos, hein… mas ainda tem alguns Mr. Big por aí, acreditem em mim!), fazendo tudo, pensando nos dois, comprando uma TV para assistirem filmes em preto e branco (ah!) juntinhos na cama, como um programa especial deles. E ela? Ela nem disfarça, fala em jóia (ah, mulheres, hein… saco!), diz que aquilo foi numa noite, num hotel. Fazem por merecer a fama! E os homens, Mr. Bigs, não procuram uma (há de existir uma!) que dê valor a isso.

Tanto Aidan quanto Mr. Big dizem para Carrie que ela não é como as outras. Não concordo, não vi nada de extraordinário nela! E, afinal, todos os homens dizem isso para todas! Se até eu já ouvi tanto isso… Não conseguimos acreditar mais nisso, né? Cada um é só especial para o outro, não para todos.

Ela, ainda como boa mulher, para sentir-se “bem”, “ela mesma”, vai toda arrumada (como a muito não se arruma para o próprio marido) encontrar-se com um ex-namorado e o beija. A volta é preenchida com o remorso. Remorso? Telefona para ele e conta o que aconteceu. Na volta para casa, fica esperando-o. E? Ele chega com um anel, para ela lembrar que é casada e não sair por aí beijando para sentir-se bem.

Cheguei a simpatizar bastante com o Mr. Big. Mas ele ter aceitado essa traição não caiu nas minhas graças. Porém, a atitude dele de “marcá-la” eu gostei… se é para estar junto é preciso ter algo que oficialize isso (esse negócio de só morar junto “abre” possibilidade para muitas coisas ruins acontecerem), se é para assumir, que seja um papel assinado (cada um com seus bens, hein…), um anel. Não precisa do circo todo que a Carrie queria no primeiro filme.

No fim, os dois anos chegam aos três e tudo volta a ficar melhor. Até a próxima crise…

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