Too late ou tarde demais

Há um momento pelo qual já passei inúmeras vezes em todo os relacionamentos que tive. E acho que nem foram tantos assim. O momento em que ele deveria ligar. O momento que ele deveria vir com a conversa exata. Aquele momento que as palavras certas fariam toda diferença. Aquele momento de um pedido de desculpa. Ou de uma simples pergunta sincera. (sim, há perguntas sinceras, não somente respostas)

 

E esses momentos passam… todos eles sempre passaram. Quando ele ligou, quando ele veio conversar, quando brotaram as palavras certas, quando pediu desculpa ou quando perguntou com sinceridade já não era mais o momento. “O” momento, bem assim, destacado. De nada adiantou vir fora de hora.

 

A resposta que sempre me veio aos lábios foi “é tarde demais”. Mas antes de proferir essas três palavras tão cruéis, mentalmente sempre me ocorreu “too late”. Não sei o motivo, mas o “tarde demais” me parece realmente cruel enquanto o “too late” é todo carregado de tristeza, de melancolia e desamparo. E sempre me senti, nessas horas, longe da crueldade e mais próxima dos últimos. Lamentar não é um bom sentimento, mas não dá pra deixar de lamentar por alguém que, tarde demais, teve a coragem de fazer ou dizer o que deveria, o que precisava. Também, é claro, lamentava por mim… lamentava ter esperado tanto tempo por algo que veio, mas quando já não fazia mais sentido.

 

Poderia incluir na lista um desdenhoso “perdeu, playboy” (que tantas vezes ouvi de um memorável tutor), mas nenhum demorou tanto assim para receber o puro desdém.

 

Se parar para analisar, é bem fácil concluir que sou alguém que espera demais das pessoas. Alguém que idealiza a pessoa a quem ama. Sou mesmo. E quem não é? Eu idealizo, eu amo demais, eu sonho e espero demais (demais mesmo!) das pessoas. Tudo isso porque não imagino o amor de outro jeito. Se é pra idealizar, se é pra amar, se é pra pensar coisas boas de alguém, que seja pra valer. Que seja exagerado. A queda do lugar mais alto nem sempre é a mais dolorosa, posto que é mais longa, durante ela você amortece o encontro final com o chão. Quando a gente cai de lugares (expectativas) mais baixos a queda é curta e o contato com o chão é bem mais traumático. Se é pra cair, que seja bem do alto.

 

Já me propus inumeráveis vezes deixar de esperar demais das pessoas, para meu próprio bem. Não adianta. Vou continuar aqui esperando aquela mensagem, aquele telefonema, aquelas propostas, aquelas palavras, aquela conversa, aquela pergunta. Deixaria de ser eu se não fizesse assim e, de verdade, nem sei se saberia lidar com algo diferente. Eu espero. Porque ainda creio que além do período tão dedicado e deliciosamente interessante da conquista, há tantos (e tantos!) outros momentos verdadeiros e poderosos num relacionamento. Quando eles faltam, resta afastar-se. Quando eu cansar de esperar por aquelas palavras, ou quando elas vierem atrasadas, só restará um “too late”. Ou, para ser mais direta e compreensível, um “tarde demais”. A resposta a essa expressão é das coisas mais aterradoras que já vi na vida.

 

Como diz a canção, eu não me canso de esperar. E eu acredito nas coisas, porque nas pessoas já deixei de acreditar (pelo que eu me lembro). “Timing” é, por isso, fundamental. Não sei se ainda direi algum ou muitos “too late”, mas sei que ainda e sempre esperarei. Porque às vezes as mensagens, telefonemas, perguntas nunca vêm.

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