O coração, a cabeça e o corpo: para não esquecer o leitmotiv do blog

Bem que eu queria ter uma resposta, mas não a tenho. O que 2013 trará? Não sei. Lá se vai a primeira semana e ele ainda se mostra obscuro.

Fiquei com a leve impressão de que teremos alguns ineditismos também este ano. Mas a impressão mais forte mostrou-se com a idéia de que este ano dependerá das minhas ações. Ah, ações vêm de decisões… e decisões de uma pisciana?!

Aqui no meu reduto, de onde faço questão de não sair antes de março, aqui onde já passei dias solitários maravilhosos, onde já fiz algumas dúzias de bobagens! Aqui onde o tempo parece não passar. Sim, a dez anos atrás não havia internet, nem televisão, nem telefone… e era tão melhor! Eu vivia mais. Colocava algum disco para tocar, lia meus livros na rede e vivia reclusa em casa, nem à praia ia. Uma vez ou outra ia tomar sol no quintal (aliás, esse quintal tem cada história para contar! daquelas que jamais contarei aqui!), cozinhava, cuidava da casa, do meu anjinho, lavava roupa. O tempo parava. Eu vivia. Os anos passaram, já tem 3G, telefone pega (só da TIM não, oh, wait!), tem TV e antena… e a minha vontade de solidão e reclusão continuam as mesmas. O meu dolce far niente também. Ah, a enorme vontade de fazer bobagenzinhas também! Ah, o ócio! Ah, as noites pensativas! Ah, o calor do Verão! O simulacro do vazio casado com um ócio e uma imaginação danada de boa fazem desses dias algo memorável. Parece que eu amo mais, parece que me entrego mais em tudo, parece que vivo apaixonada, que vivo nas nuvens num plano de eterno prazer. Não só “parece”…

Aliás, o coração anda vazio. Começamos 2013 num ineditismo e tanto! Desde a primeira vez que me apaixonei (lá se vão muitos e muitos anos – vide o post Os homens de minha vida), sofri tanto, num beliche desses aqui mesmo, ao acordar chorando e sentindo falta daquele “amor”, e desde então passei somente um Verão com o coração desocupado. Aliás, é justamente quando ele está desocupado que mais parece “ocupado”. Lembro do outro Verão que passei assim e eram tantas mudanças, tantas perspectivas, tanta coisa melhorando e acontecendo ao mesmo tempo que ele vivia aéreo demais para se ocupar.

Será, então, um tempo de boas perspectivas?

Porque ele anda vazio, a cabeça anda cheia, conturbada, se cobrando a todo tempo, num cabo de guerra entre o prazer e o dever, e o corpo… ah, o corpo. O coração, a cabeça e o corpo não estão, em definitivo, se entendendo. De jeito nenhum! E isso, é claro, me preocupa.

Agora mesmo o coração quer porque quer (e isso sempre basta a eles, os corações, não é mesmo?) fazer algo que a cabeça, imperiosa, tem lhe proibido há dias! E ela tem ganhado esta disputa. O corpo? Ah, ele normalmente pende para o coração! Mas tem desprezado este que gosta dos caminhos tortuosos, das conquistas, das palavras, dos gestos… ele tem dado preferência à despreocupação, à ausência de cobranças e compromissos, à plena e simples satisfação.

Eu digo, eles não têm se entendido…

Até quando a cabeça vai conseguir dominar não sei. Mas também temo um pouco isso. Porque o coração pode desanimar, ficar desencorajado… e talvez em outros cabos de guerra por aí ele já tenha perdido quando a cabeça lhe permitir agir.

E onde fico eu no meio dessa confusão?!

Eu me cobro! Eu tenho uma pilha de coisas para ler por obrigação, mais umas dúzias de páginas para escrever por obrigação. E a mesma medida por puro e simples prazer. Só aqui para eu me reencontrar tão bem. Não me preocupo tanto com as obrigações porque sei que as farei no tempo certo. Decidi que a palavra de ordem este ano será disciplina. Sim, até eu ri disso por aqui. Eu e disciplina? Piada, né. Mas eu me domino. Eu dou um jeito. Eu sempre dou um jeito em tudo. Tanto que ia deixar para começar a colocar em prática a disciplina nesta segunda-feira e acordei sábado, mudei de idéia e comecei no mesmo dia. E, até agora, está funcionando.

 

Tenho todo esse medo de que a cabeça prevaleça ao coração e ao corpo… ela pode ser dominadora, exigente e cruel demais. Ela me deixa exausta. Às vezes, ela me deixa triste… Eu preciso tantas e tantas vezes me deixar levar pelo coração e pelo corpo… senão não sou eu. Que 2013 não me tire isto, seja lá por qual razão for. Se o coração mandar, que eu obedeça. Mesmo que ele se quebre (novamente, como tantas vezes já…) depois, que eu não deixe de fazê-lo. Que eu obedeça mesmo sabendo que depois a cabeça vai passar longos e duros sermões. O corpo, bem, quanto a este a cabeça tem menos (ou nenhum) domínio. Os sermões são mais longos e duros, porém há pouco a se fazer antes. Quem sofre mesmo é o coração diante de tanto controle. Porque ele tem a melhor qualidade de todas: é espontâneo.

 

2013 começa assim, fazendo jus ao nome do blog, à intenção do blog: o desassossego. Faz jus à lembrança de que os corações não podem pensar, posto que não podem parar, e que só podem, depois, ouvir os sermões.

 

 

2 comentários em “O coração, a cabeça e o corpo: para não esquecer o leitmotiv do blog

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  1. Disciplina, decisões, ações… Esse 2013 vai ser pesado pras sonhadoras, já percebi. Mas a gente dá jeito! Sempre dá! Sabes que a sorte é maior que o juízo, né?!
    Nos vemos pela ilha, já que, por aqui a ordem também é sumir e assumir a reclusão. Solidão boa essa, que venha nos trazer ótimas ideias pra colocarmos em prática!

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    1. Sempre me disse meu pai, outro pisciano e velho sábio, você tem mais sorte que juízo!
      E logo eu que acho que tenho tanto juízo e muito azar!
      Vai ser pesado, mas é bom retomar as rédeas da vida de vez em quando!

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