Quis ser romântica
ser mãe
ser amante
O coração esqueceu
Entrei pra luta
Agarrei com as unhas
Desci do salto
Não pintei o cabelo de loiro
Decidi desejar
E não mais ser só desejada
Pagar a conta
E ser servida
Me pagaram menos
Passaram a mão na bunda
Me espancaram
Quando eu disse “não”
Me violentaram
Na alma, no corpo
Só me chamam
Pra bancada do jornal
Pra comercial de produto de limpeza
Pra cantar rebolando
No trio elétrico
Ou ser a protagonista
Sofredora das oito
E a heroína submissa
Do best seller
Apresentar um programa culinário
Ou desfilar na semana de moda
E pensam que somo iguais
Nos admiram
E não valorizam
Não respeitam
Ainda dominam
O discurso, a imagem
Quis ser romântica
ser mãe
ser amante
Decidi ser romântica
Ser mãe
Ser amante
Lutar
Não usar salto
Pintar as unhas
Jamais ser loira
Desejar
Assumir as contas
Ser servida
Não ser só uma imagem
Ganhar mais
Pensar.
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