Desafio: falem bem de mim

 

Minha mãe sempre diz uma coisa (e coisa que mãe diz a gente deve levar a sério) que já reparou em como pais falam mal dos próprios filhos. Ela conversa com alguém e lá vem a pessoa (de alguém praticamente desconhecido até o parente mais próximo) a falar mal do próprio filho. Ela fica indignada com isso. Sempre a ouço dizer que ela nunca fala mal dos filhos dela para quem quer que seja. Bem, não queria dizer nada, mas ela nem tem o que falar mal dos filhos dela. Minha mãe tem excelentes filho (sim, advogo em causa própria) e tem mais dois pontos super positivos sobre o causo: não fala mal das pessoas e ama os filhos. Era sobre isso que eu pensava em escrever quando me veio essa análise que ela faz: falar mal dos outros.

Todo mundo diz que é errado, mas quantos andam por aí fazendo exatamente isso? Digo falar mal mesmo, por maldade, não digo criticar ou ater-se a fatos. Inventar ou destilar veneno por seus recalques, por exemplo.

 

Sempre me acusaram de excesso de sinceridade. Mas, gente, sinceridade é uma coisa em si, não há como ter “excesso”. E, sim, não me falta sinceridade. Já chegaram a me dizer que é bom o jeito como eu sou, sincera, mas que não precisa ser “tanto”. Tanto? Mas se eu for “menos” sincera estarei, ainda assim, sendo sincera? Claro que não. Não falto com a sinceridade. Doa a quem doer (inclusive a mim). Aliás, pensava nisso esses dias sobre as respostas que as pessoas me dão. Por favor, sejam sinceras comigo. Não inventem, não digam por dizer, não tentem agradar. Se eu faço uma pergunta, não diga “sim” querendo dizer “não”. Fico muito revoltada com isso. Sério. Custa tanto assim ser sincero ou as pessoas já nem sabem mais o que é ser assim? Será que elas andam por aí trocando sins por nãos para evitar isso e aquilo que já nem se dão conta da diferença que há? Pois eu queria que as pessoas fossem mais sinceras comigo. Simples assim. E é aí que a sinceridade entra na questão do “falar mal”. Falar mal dos outros pelas costas é, sim, faltar com a sinceridade. E, consequentemente, é falta de caráter.

 

Escrevo alguma novidade? Pra mim, não. Porém, acredito que muita gente por aí não pode nem ouvir falar nisso – imersas que estão nesse mundinho de redes sociais virtuais e reais nas quais se prestam ao papel de falar mal dos outros.

 

Entrar na minha vida é fácil (muito fácil), seja num encontro qualquer num ônibus, num tropeço no cinema (vocês já viram a propaganda da Cinemark?!), no mundo virtual, nas ruas de tantas cidades, na aula, no trabalho. Basta me encontrar e com alguns gestos ou palavras (ou com os dois) você já terá entrado na minha vida. Dificílimo mesmo será manter-se nela. Garanto que não é nada fácil, requer muitos princípios, qualidades, paciência, disposição e tantas e tantas outras coisas. Por isso, falar mal de mim por aí (como tanta gente faz redundantemente) é facílimo. Quero mesmo é ver você destacar-se do senso comum e falar muito bem de mim. Aí eu quero ver.

 

Sempre achei engraçada essa relação do fácil e do difícil. O povo gosta do primeiro, vai correndo pra ele, beija, abraça, já puxa a poltrona, liga a TV e sente-se confortável. Eu gosto mesmo é do segundo. Não sou muito chegada no comodismo, bem se vê. E sabe qual o abismo que há entre os dois? Pensar. Pensar sempre te leva para o caminho mais difícil. Ignorar-se, evitar pensar e atrelar-se aos pensamentos alheios é o convite do “fácil” – tanta gente aceita. Deprê, né? Eu acho. As pessoas preferem não pensar, juntam-se a uma orda de gente que faz tudo igual, vão pelo mais fácil, ficam aí pelos cantos falando mal dos outros, cometendo maldades, esquivando-se de prestar contas dos próprios atos.

 

Eu? Eu tenho a consciência tranquila. Sinto a incapacidade de fazer mal, ou sequer desejá-lo, a quem quer que seja. Também tenho uma lista – bastante povoada, é verdade, desde pessoas que nunca me dirigiram a palavra até parentes bem próximos – de gente que já me fez muito mal, me prejudicou diretamente, me sacaneou, e aos quais eu poderia desejar todo o mal do mundo. Não o faço. Não sinto nada dentro de mim que me permita desejar mal a quem quer que seja. É só uma incapacidade mesmo – alguns até dizem que eu deveria “dar o troco” e essas coisas. Simplesmente tiro-as da minha vida. A vida é coisa boa demais pra pesar com gente desse tipo. Por isso eu disse que é fácil entrar na minha vida, dificílimo é manter-se.

 

Hoje até prefiro que me chamem de arrogante – prefiro a arrogância à ignorância.

 

Eu faço tanto bem às pessoas (vide inúmeras declarações que ouço constatemente), desperto coisas tão boas nelas, faço com que elas vejam a vida de outro jeito, que não tenho porque perder tempo da bela vida fazendo o mal – nem que seja só falar mal. É um dom que eu tenho, faço bem às pessoas. Ninguém pode me acusar de ter tido falhas como profissional, como parente, como namorada/caso/affair, nem de ter sacaneado ninguém, passado a perna, essas coisas. Podem me acusar de ter deixado uns corações partidos (ou desejos não saciados) por aí, é verdade. Quando falam mal de mim é por algum tipo de recalque, dor de cotovelo, problemas psicológicos, sei lá. Nem vou me alongar em imaginar porque as pessoas escolhem o caminho mais fácil e vazio – a escolha é delas.

 

Está lançado o desafio: quero ver andar por aí falando muito bem de mim. Quero só ver.

3 comentários em “Desafio: falem bem de mim

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  1. Muito bom, Fahya!
    Concordo que nos dias atuais as palavras positivas, como um elogio, um agradecimento ou uma “levantada de moral” no outro, está ficando cada vez mais raro.
    Gostei do texto. Parabéns!

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