A presidente Dilma não tem mesmo nada contra a Filosofia e a Sociologia?

Entre cansada de ouvir “por educação, saúde e segurança” e revoltada com as declarações de candidatos e governantes sobre seus planos para a educação mais especificamente, me veio aquele sentimento de obrigação de dizer cá umas coisinhas. Eu queria muito evitar. Mas, pelo visto, não consegui. Pois ao contrário de uma maioria, eu acompanho a campanha política, assisto e ouço as propagandas, procuro os sites de alguns candidatos, leio e vejo entrevistas. Faço isso desde antes de eu ter o direito de, alegremente, aos dezesseis anos fazer meu título.

Foi minha educação, em casa, e minha formação intelectual que me fizeram assim. Eu assistia às propagandas da época que o Voltolini era candidato a prefeito – e nunca ganhou, tadinho. Eu ia com minha avó e com minha mãe votar no Círculo Operário (alguém lembra?), chão de tábuas, uma mesinha com um biombo de papelão, cédulas de papel, e fazia o X por elas. Fui ao aeroporto de Joinville pela primeira vez para ver o Affif (alguém lembra?). Lembro de meu avô e meu pai conversarem sobre as dúvidas que tinham sobre o Collor – antes mesmo de tudo o que aconteceu. Certo que não entendia tudo desde o começo, mas ouvia e via bastante. Não foi, porém, suficiente para frear meus arroubos juvenis dos dezesseis – confesso. Para terminar o circunlóquio histórico, conto que foi um choque o dia que vi no título de eleitor da minha mãe que ela o fez, pela primeira vez, no ano que eu nasci. Vá lá, não faz tanto tempo assim… minha mãe não teve o orgulho que eu tive de fazê-lo (e sentir-se um pouco gente) aos dezesseis.

E são esses jovens de dezesseis e dezoito as grandes vítimas das campanhas. Não têm boa formação escolar, muitas vezes não a têm em casa também, são confinados aos pensamentos de tutores intelectuais duvidosos, sentem-se sempre insatisfeitos com o agora e esperançosos com o futuro. São eles que mais caem no discurso de políticos que acenam com maravilhas – sejam as que já fizeram, sejam as que ainda farão. São eles que acreditam que o que eles têm/são foi por algum tipo de benesse ou benção do Estado. E assim, assustadoramente, pensam a vida inteira.

Como citei, a tríplice “educação, saúde e segurança” é repetida para além da exaustão. Pensei em usar como critério não votar em nenhum que resvalasse nela: acreditem, a chance de votar nulo para todos os cargos é enorme – só reparem. Conversando com minha mãe, ela dizia quais os pontos principais que procurava num candidato, de acordo com a idade e situação dela. Pois eu sou um tanto chata, como todos sabem, e discordei. Política, pra mim, é por todos e para tudo. Eu sei, vocês não são assim. Não consigo atinar ao certo como este pensamento egoísta veio parar na política. Ah, sim, na Política não há o pensamento egoísta, na politicagem, sim. E esta é o que se pratica hoje. Na politicagem a gente vende o voto para aquele candidato que enche o nosso tanque de gasolina, dá um emprego pro filho, consegue vaga na creche mais perto de casa. E vota naquele que oferece alguma benesse que agrada aos nossos interesses. Desculpa, gente, não consigo.

Minha mãe descartou, por exemplo, a preocupação com a educação porque os filhos (graças a Deus) não estudam mais. E aí eu tive que, novamente, discordar. (Cêis acham que é fácil ser minha mãe? É, não.) Soltei: e teus netos? E fui adiante: um monte de problema que a gente tem na sociedade é decorrente da educação. E não são? Eu sei, eu sei. Colocar toda a culpa e responsabilidade na educação já tornou-se discurso batido. Mas não irei para este lado.

Numa propaganda da Dilma sobre educação, ela cita a lei que entrará em vigor obrigando as crianças a partir de quatro anos a entrar na escola. Quatro anos. Ela diz, também que há um compromisso com a alfabetização de todas as crianças até os oito anos. Oito anos. Faz auto-elogios rasgados aos cursos profissionalizantes e PRONATECs da vida. Citava, como o Vignatti e tantos outros, a “valorização” do professor. Todos, acredito que sem exceção, falam em implantar o período integral nas escolas de todos os níveis. Por último, a “modernização” das escolas e do ensino (?) é também amplamente prometido.

Lhe digo que foi a propaganda da Dilma que despertou minha revolta. Crianças de quatro anos sendo obrigadas a ir para a escola? Para garantir (ou prometer) a alfabetização das mesmas só aos oito anos? Eu ainda não tenho filhos, mas enquanto assistia comentei que filho meu jamais – jamais – irá para a escola aos quatro anos de idade.

Fazendo mais uma digressão: eu entrei na primeira série aos sete anos recém completados. Não canso de contar a história do meu primeiro dia de aula: a caminho da escola disse ao meu pai que não queria ir. Aí ele me respondeu: se você não for, o pai vai preso. Imaginem o drama, senti um nó na garganta. Sei que por muitos anos a imagem do meu pai preso foi a única coisa que me manteve na escola. Detalhe: eu entrei na escola aos sete anos já sabendo ler, escrever, somar, subtrair, dividir, multiplicar e identificando formas geométricas. Sim, orgulhosamente eu conto, também, que fui alfabetizada em casa, pela minha irmã. Minha mãe foi professora, inclusive da minha irmã, mas não foi ela que me alfabetizou. Contudo, em casa e na rua eu sempre fui corrigida, ensinada, e sempre tirei minhas dúvidas ao ver descortinado o maravilhoso mundo das letras quando via placas, folders, legendas. A alfabetização é o teu passaporte de liberdade para o mundo. Qualquer um que viaja para outro país sem conhecer o idioma sabe do que eu estou falando. Qualquer um que conhece pessoas semi-analfabetas, analfabetas ou analfabetos funcionais sabe do que eu estou falando. Até hoje sou saudosa que aos sete anos eu sabia fazer contas melhor do que sei hoje.

Ah, mas sou uma branca, classe média, nascida e crescida em grandes centros de grandes cidades. Sou aquilo que chamam de privilegiada. As primeiras vezes que ouvi isso achei que era xingamento, hoje tomo como elogio. Sou, sim, privilegiada – pela família que tenho. E, por favor, não cometam a falácia de dizer que não posso escrever sobre lugares, cores de pele, situações sociais que não aquelas às quais eu pertenço. Eu sei que vocês são espertos e não farão isso. E já fui tantas vezes acusada disso que acharia extremamente repetitivo da parte de vocês.

Eu conheço de perto o que o analfabetismo, coroado por professores e alimentado por pais negligentes, causa na vida das pessoas. Pauto aqui o que escrevo sobre educação pelo que vi e vivi. Fui uma aluna difícil. No começo da adolescência eu lia muito, via filmes e documentários e tal. A repetição da escola era mortal pra mim. Além do mais eu tinha boa memória e rever tantas coisas não me motivava em nada. Conhecia alguma coisa do ensino em outros países e via lá fora soluções que não eram implantadas aqui. Sou do tempo de quadro de giz e livros didáticos, papel e lápis. Lembro bem quando fiz meu primeiro trabalho em Power Point, na quinta série, e fui a única a usar tal recurso. Tínhamos computador porque era o trabalho do meu pai e da minha irmã e eu era uma autodidata nessas coisas de informática. Foram dois trabalhos que me marcaram desta época, sobre tsunamis e sobre o Fagundes Varella. Ambos feitos no computador, porém com conteúdos tirados nos livros e enciclopédias de casa e da biblioteca.

Para tentar ser objetiva: considero um crime colocar crianças de quatro anos na escola. Ao ver tantos candidatos prometendo o ensino integral, me perguntei: pra quê? Vão ensinar mais? Vai ficar mais tempo na escola pra quê? E a “valorização” do professor se resume a salários mais altos. Simples assim. Médicos e engenheiros são profissionais valorizados na sociedade desde quando passam no vestibular porque os salários iniciais previstos não são menos que cinco mil reais. Só por isso, vai ver. Professor, de ensino fundamental e médio sejamos claros, é um profissional desvalorizado (e não estou me referindo aos salários) porque de casa não se valoriza o ensino. Me referi aos professores de ensino básico porque na nossa sociedade o status do professor universitário é outro, e não me venham de ladainha. E as promessas de tablets para todos os alunos? Vontade de dizer para um candidato desses: vai lá, entra na sala de aula e tenta dar aula para aqueles olhos enfiados nas telas touch screens. Tenta, malandro. Porque enquanto escolas debatem como proibir o uso do celular e dos tablets em sala de aula, os candidatos dizem que vão dá-los a todos!

Sim, há problemas no ensino. Não, não serão resolvidos com crianças sendo obrigadas a frequentar escolas nem com tecnologia de ponta distribuída entre alunos e professores nem com salários mais altos para professores nem com crianças e adolescentes trancafiados em escolas por mais horas. Não.

Minhas reflexões iam por aí… não só como professora ou como futura mãe e estudante. Fui uma aluna difícil, já disse, e no ensino médio eu larguei os estudos. Não tinha capacidade nem interesse algum em Matemática, Física e Química; detestava o ambiente escolar (pessoas); morria de tédio na carteira (mais comum era me ver de cabeça baixa lendo durante as intermináveis aulas); tirava notas boas a medianas; elaborava colas geniais para as disciplinas desinteressantes mas para as quais eu precisava de nota. Tive, na época, problemas familiares e tal, e um dia resolvi não mais estudar. Dizem que minha mãe passou maus bocados (e eu acredito nos testemunhos, já disse, ser minha mãe não é fácil). Só por ela que eu tive idéias mirabolantes para voltar a estudar. Me sentia muito esperta na época. Nunca fui nerd, nem CDF, nem gênio. Só achava tudo aquilo muito entediante.

Como professora eu aprendi que é preciso atrair os alunos, com o meu comportamento, com idéias, com provocações. Mas meus piores momentos como professora sempre foram as dificuldade institucionais alocadas nos alunos. Adolescentes são inteligentes, são espertos, são maliciosos, sabem se expressar, são pessoas completas. E eu nunca pude chegar ali na frente deles e ignorar isso. As dificuldades que eles traziam das aulas de Português, as dificuldades que eles traziam das aulas de História e Geografia. Os problemas seríssimos no simples ato de ler e escrever corretamente. Problemas que vinham das famílias, pais enlouquecidos pelas notas dos filhos, pais ignorantes (no sentido pejorativo) que incutem nos filhos o desinteresse pelo conhecimento, pais ausentes, a violência que cada um traz na sua história. Eu vejo adolescentes inteligentes na minha frente, mas marcados pelos crimes das instituições. E dói. Dói muito. Por isso que cada reconhecimento, cada comentário numa avaliação, cada elogio, cada mensagem é que significa, pra mim, a tal valorização do professor. É saber que entre tanto descaso eu consigo fazer o meu trabalho. O Estado, alguns professores e as famílias não têm idéia do mal que causam às crianças e adolescentes.

É quadro e giz e, no máximo, livro didático e você tem que dar aula de Filosofia. Mas eles são inteligentes e você não os subestima, é claro. Dispenso fácil qualquer projetor, slide, tablets. Queria, ao menos, uma biblioteca. Sabiam que há inúmeras escolas que sequer têm bibliotecas? Ou muitas que têm mas vivem fechadas porque não há funcionário responsável?

Fui pensando em tanta coisa até desistir de escrever sobre. Diriam que são coisas muito pessoais. Mas não pude me calar ao encontrar, parcialmente, resposta para algumas das minhas dúvidas na entrevista da Dilma ao Bom Dia Brasil ontem (22 de setembro).

Ao falar de educação, ela proferiu uma frase que selou de vez minha indignação – seguida do que pareceu, no momento, uma proposta/resposta. A presidente do Brasil consolida a idéia de que o ensino é maçante e critica as doze disciplinas às quais os alunos são submetidos – e frisa que dentre estas doze estão Filosofia e Sociologia. Ao perceber o ato falho, ela em seguida acrescenta: nada contra Filosofia e Sociologia. Não, presidente, nadinha contra as Humanas e Sociais, né? A fala dela sugeriu uma reforma curricular que não ficou clara em absoluto. Ou seja, deu uma resposta que eu queria. Então, teremos, de fato, uma reforma curricular? Em quais moldes? Seguindo quais exemplos já existentes? Por que, presidente, esta proposta de reforma curricular não foi apresentada na sua propaganda na TV? Era o que eu queria perguntar. Tudo o que eu desejo para o ensino no país é uma reforma curricular – evitando a demagogia do período integral e de doação de tablets. Sobre reforma curricular eu sonhava nos meus tempos de aluna do ensino regular. Concordo que a resposta seja uma reforma curricular, em primeiro lugar, e uma rigorosidade com os profissionais da educação. Contudo, o único misto de sentimento e pensamento que pude ter foi temor. Temi pela volta do tecnicismo do ensino escolar – tal qual na Ditadura, lembra, presidente? Meu pai aprendeu marcenaria na escola, o que lhe vale muito até hoje e eu sempre elogiei, mas as razões para eles ensinarem isto nas escolas não era das melhores. Há anos o Brasil entrou em crise de profissionais das engenharias, das tecnologias e correu-se a abrir cursos e dar incentivos para formação. Ficou claro que nos espelhamos na China. Hoje temos dados que comprovam que não faltam profissionais formados nas áreas da educação, mas há desinteresse na profissão. Não passou o tempo em que era mais fácil passar para as licenciaturas e era lá que paravam os que “não davam em nada” ou não eram muito inteligentes? O interesse em transformar escolas em meros centros formadores de técnicos e de mão-de-obra qualificada para Exatas e Tecnológicas é evidente – e muito preocupante.

Vai ver por isso que não saber ler nem escrever não faça muita diferença. Ah, e vai ver que por isso Filosofia e Sociologia sejam tão dispensáveis. E é, queridos, no que muita gente acredita.

Me revolta ver a situação do ensino. Me revolta ver uma presidente falar assim. Me revolta ver que não é na escola que devemos ser incitados (pois não é algo que se ensine) a pensar.

Soluções? Respostas? Abraço os filósofos e sociólogos. Primeiro ponto: não desejo que o Estado diga o que e como meu filho deve aprender. Segundo ponto: responsabilizo, antes de qualquer coisa, os pais pelos filhos que colocam no mundo. E se a lei fosse que todo pai e mãe deve ser o responsável pela alfabetização do próprio filho até os sete anos? Quantos pais e mães se revoltariam a bradar que isso é “responsabilidade do Estado”? E se as escolas fossem só três dias por semana? E se as “escolas” fossem criação de comunidades de pais e professores que elencassem suas prioridades e interesses, assim como voltadas para os talentos e habilidades dos alunos? E fossem financiadas pelos pais em conjunto com verbas públicas? Princípios liberais demais para um país que está preso em “o que veio antes, o ódio ao PSDB ou o ódio ao PT”, não é mesmo?

Vejamos alguns pontos que não vejo sendo discutidos e que são menos “liberais”: traduções, preços e acesso a livros; política menos dispendiosa e corrupta de livros didáticos; bibliotecas em todo – todo – lugar; acesso a conteúdos on line (como li numa entrevista esses dias, inclusão digital não é disponibilizar conexão); currículos de graduação e pós abertos e verdadeiramente multidisciplinares (palavrinha mágica que ouço desde o fundamental e não, não é só colocar um trabalhinho que una conteúdos de História e Geografia ou Física e Química); formação avançada no ensino médio para mapear as habilidades e interesses dos jovens antes da graduação (medida que não é do interesse tecnicista); a não ideologização do ensino, principalmente nas áreas Sociais e Humanas (difícil, hein?); contemplar mais áreas específicas do conhecimento (meu problema atual); rever as disciplinas como Artes e Educação Física que não devem ser meros “passatempos” para o aluno, mas que são essenciais na qualidade de vida, raciocínio e desenvolvimento intelectual e físico.

Pois repito: não desejo que Estado algum determine o que vai entrar na cabeça do meu filho. E pais analfabetos, como alfabetizariam os filhos? Bem, aí talvez nós olhássemos de vez para a vergonha que é ter um número tão alto de adultos analfabetos. E não os jogaríamos nos CEJAs e outros cursos relâmpagos que só dão diplomas para conseguir “empregos qualificados”. O retorno e o vínculo entre pais alfabetizados que alfabetizam os próprios filhos seria inestimável, tanto para as famílias quanto para a sociedade.

Ah, sim, outra objeção possível: e o tempo? Como fazer com o tempo dos pais que só trabalham e trabalham e trabalham (ó, a sociedade consumista assim o exige!)? Lembrei, então, do que me motivou de vez a escrever esta longa revolta: a propaganda do Dário Berger ontem na TV. Sabe o que ele disse? Que vai lutar pelo ensino em período integral por você mãe (sim, ele disse mãe) trabalhadora que quer ter onde deixar seus filhos. Preciso comentar o machismo ultrapassado de colocar nas costas da mãe a obrigação de criar e cuidar dos filhos ou o óbvio não precisa ser frisado? Só a mãe trabalhadora não tem onde jogar o filho. Vejam bem, eu sei que há uma maioria de “mães de família” e que talvez, só talvez, ele esteja de olho nesta fatia do eleitorado – porém não acho que seja o caso, pela falta de inteligência da propaganda acredito mais no machismo mesmo.

Então finalmente um candidato teve a cara de pau (bem estilo do Dário) de dizer com todas as letras o que é, afinal, o ensino integral. É ter onde jogar crianças e adolescentes. Não tenho confiança numa sociedade que faz filhos e depois acha que é dever do Estado dar tudo para eles, desde saber as vogais e consoantes, e, ainda mais, cuidar deles a maior parte do tempo – porque o que sobra hoje é pai e mãe que mal convivem com os filhos. Por que fazem filhos? Eu fico na dúvida. Se não tem tempo para levá-lo pra escola, pra jogar bola, pra levar pra passear, pra assistir TV junto, pra fazer as tarefas de casa, pra ensinar como funciona um motor de carro (ah, eu aprendi, papi ensinou!), pra levar pra cozinha pra fazer bolo, pra contar uma história antes de dormir, pra levá-lo num museu… pra que tê-los? E, sério, não preciso ser mãe pra saber, mas estão perdendo (ambos) a melhor parte.

Vejam só, os problemas são bem mais graves do que julgam as vãs propagandas e promessas eleitorais. Deve ser falta de Filosofia e Sociologia na escola (né, querida presidente?). Tive alguns excelentes professores e guardo comigo muitas coisas (reflexivas) que aprendi com eles. Uma delas é que governo nenhum quer que o povo pense – desde antes até hoje, tudo igual. Filosofia e Sociologia, como as Artes (incluo aí a Literatura e as aulas de redação, mas é extensível às Humanas em geral), não são aquelas disciplinas que você tem que decorar fórmulas, cálculos e conceitos. Como acrescentei no parênteses, História e Geografia também devem incitar à reflexão e ao pensamento crítico. Minha crítica sempre foi que não nos deixassem pensar. Aprendi muita coisa com as Exatas também, apesar de não ter muita afinidade e ter também um certo desinteresse. Estive num museu de ciência e tecnologia esses dias e me diverti horrores com tudo que eu aprendi algum tempo atrás e que uso pouco ou quase nada no meu dia a dia. Por isso, sim, uma reforma se faz necessária – mas antes nas cabeças das pessoas. E, não, isso nada tem a ver com políticos.

Vocês sabiam que fui chamada de “revoltada” por muitos professores? Até na graduação (na banca de mestrado meu orientador disse que eu tinha “idéias próprias”, não sei se foi elogio ou desabafo). Aí minhas revoltas acabam assim em quatro páginas – e ainda são insuficientes. Pensei mil coisas que não vieram parar aqui. Qualquer hora vou reler e anotar o que esqueci de escrever. Ah, esqueci de comentar que lamento ver meus colegas das Artes, Humanas e Sociais como os grandes apoiadores (e supostos intelectuais) deste governo que deixou claras suas intenções acerca do ensino, além do desprezo com as nossas áreas. E, vejam só, para quem largou os estudos por alguns meses e só voltou por pena da mãe, porque recebeu bolsa de estudos e foi sempre uma aluna difícil e irritante, sinto-me ainda mais privilegiada por ser moradora de grandes centros urbanos e que ainda não parou de estudar. E nem pretende. Ah, jamais subestimem o que eu conheço daquilo que vocês concluem que eu não devo conhecer. Só uma dica.

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