Era como se desejasse a Primavera
Todas as vezes que sentia-se só
as árvores em botão, as rosas se abrindo
o sol a castigar de dia e a brisa em companhia com a lua
os animais a rolarem de desejos.
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A Primavera, em si, nada resolvia
– nem lhe arrumava companhia.
Quem dera, a distraía.
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E ano após ano, ansiava pela Primavera
Às vezes depositava confiança nela
Às vezes só queria lamber as feridas
Muitas vezes apaixonava-se
E, de vez em quando, ia ao inferno
Uma vez ou outra lhe chegavam desgraças
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Como o anjo com pés sujos de barro
não era sempre que a Primavera
só lhe arrancava sorrisos.
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Era como se desejasse a Primavera
Sempre que a esperança lhe faltava
Era como se desejasse a Primavera
Ao ver a palidez no espelho
Era como se desejasse a Primavera
Quando as palavras tiravam férias
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Ficava brincando de sonhar
Entremeava desejos
Refreava impulsos
Tirava longas horas para passear
Trocava o olhar
Admirava a paz
Refazia seus hábitos
Jurava com voracidade – e nunca cumpria
Sonhava com precipícios
Tentava ser mais sincera
Derrubava seus muros
Rearranjava teorias
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Era como se desejasse que nesta Primavera
ela reaprendesse a confiar.
Era como se desejasse que a partir desta Primavera
ela fosse sempre feliz.
Era como desejar que esta Primavera
nunca acabe.
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(não tenho escrito, tenho lido pouco (depois de uma overdose de leitura), diriam que me falta inspiração, eu digo que tenho me preparado para dias lindos, tenho apreciado cada segundo dos dias com menos roupas e de um calor que me faz melhor, tenho pensado – não muito – bem melhor; e só por brincadeira escrevi uns versinhos colegiais para matar a saudade)
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