Deixe
deixe que cresça
deixe que cresça tudo o que plantares
Deixe que cresça o teu amor pelo próximo
deixe que cresça o tempo que perderes
deixe que cresça pelas ladeiras teu descaminho sem volta.
Deixe que cresça o mato e teu olhar pela janela
deixe que cresça longe de ti os lagartos da existência
deixe que cresça o sorriso e deságue em gargalhada.
Deixa crescer o desamparo dos que te amaram – e fugiram
deixa crescer a vontade!
Deixa crescer tua pressa por voltar atrás
e todas as dores pelo mal que fizeste a alguém.
Deixa crescer a tua ânsia em ser… melhor.
Deixe que cresça a ganância da superioridade daquele
deixe que cresça as vaidades dos que te cercam
deixe que cresça limo nos desusos.
Deixe
deixe que cresça
deixe que cresça tudo o que dás ao mundo
deixe que cresça teu amor louco, cego e surdo
deixe que cresça a realidade dentro do teu quarto escuro
deixe que cresça no vazio as ofensas mais bruscas
deixe que cresça no alto da árvore o ninho de passarinhos.
Deixa crescer sem te preocupares
deixa crescer sem tirar-lhe os olhos
deixa crescer que um tanto de indiferença sempre cabe
deixa crescer até tudo aquilo que já sabes.
Deixa crescer pelos mares, teus sonhos
deixa crescer as chances de nunca mais partires
deixa crescer a saudade que sentem de ti
deixa crescer a lista de arrependimentos
e não esqueças de riscar alguns com o passar do tempo.
Deixa crescer a sombra ao despontar o sol
deixa crescer a distância entre teus dissabores
deixa crescer o que servirás à mesa.
Deixe que cresça espécies de amor em extinção
deixe que cresça amores que nunca vingarão
deixe que cresça perdões em profusão
deixe, deixe – deixe que cresça também um tanto de paixão.
Deixe que cresça o teu passado
deixe que cresça o teu ouvido no silêncio
deixe que cresça – e não esqueça de adubares.
Aos que te enfastiarem, sussurre
– Deixa, deixa.
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