A madrugada
e os carros na contramão
de quem busca o consolo
da falsa paixão
Nem o verso preciso
do Moinho de Cartola
alçou-me ao oposto do riso
diante do asfalto molhado
Na cadeia de emoções
eu vivo
sou forte e dura e cruel
E ninguém comigo
Só Deus me pede
com Ele posso cair
E eu quis chorar
quis a cena linda
do instante em que
o mundo destruía
meus sonhos tão mesquinhos
– lágrima não vi
choro não senti
Insisti
persegui os trilhos sem trens
a fé que contraria
as almas asquerosas
eu ri – diriam que dancei e cantei
era Paulinho, que timoneiro nunca foi
e esse amor pelos mares
a devoção
essa vida que nega a prosa
Eu quis chorar
e não consegui
Se fez dia
e era eu de novo
sobre os pés
a dar cara a tapa
e peito firme
abraço dores
e não distingo
traidores.
Era eu, que ninguém
conhece direito
e nem desconfiam
que esse riso armado
diz menos do que queria.
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