Da cama não saí

Da cama saí

deixei a alma porosa de vontades e inaptidões

envolta nos doces lençóis do descaso

sob a nuvem de desejar o distante

de abdicar do precário e do futuro

dane-se tudo! – queria ouvir-me gritar com o pé na estrada

reviro-me e em burrices tropeço

as decisões que tanto me pesam

dane-se tudo! – diz a irresponsável que eu queria ser

Da cama não saí

imersa em dias de sol e prazeres e sorrisos

a leveza dos nossos sonhos soprados pelo ventilador

o almoço fora de hora o sorvete servido na pele

e o silêncio revoando por entre os sombreiros

depois da madrugada na rede sob o trajeto da lua

bem ali, entre o sussurro do mar e o grito da estrada

esconderijo testemunha de meus amores

e onde reconstruí minha sobrevivência – tantas vezes.

Dane-se tudo! – desde quando me levo tão a sério?

não sou daqui e nem de onde vim

o paraíso fica ao lado e basta comprar a passagem

sinto que não respiro o ar úmido e pesado

olhos embaçam paisagens velhas conhecidas

Da cama saí

a alma pesada

desejos amarrados

sentimentos controlados

cabeça cansada

e pensei…

pensei onde eu estaria feliz.

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