A flor do ipê-amarelo
desliza safada e me alcança
o rosto em movimento
como as ruas largas
da cidade aos domingos
O vento sorrateiro
pelas mangas do casaco
acariciam meu corpo
como o silêncio distante
da cidade aos domingos
O pensamento em ti
quase me faz cair
da bicicleta
como as curvas vazias
da cidade aos domingos
Os corredores de ônibus
onde posso acelerar
o pulso e os sonhos
como a falta de pressa
da cidade aos domingos
O corpo revivido
e os músculos respondem
ao futuro do imperfeito
como o temporal eminente
da cidade aos domingos
Os ponteiros desamados
cínicos contam os segundos
da nossa vida
como o ar estático
da cidade aos domingos.
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